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Foto do escritorvaleria rodrigues alves

BANDJAN BOURANI



Berinjela com coalhada seca - receita afegã

​Boa tarde pessoal!!


Como prometi, o meu intuito é fazer uma viagem a todos os cantos do planeta e conhecer um pouco a cultura, os hábitos e os sabores. Fiquei pensando para onde iríamos, e casualmente, olhei para o mapa e falei comigo mesma: é aqui. Depois, me dei conta que tinha escolhido o Afeganistão, um país que acredito, bem poucos de nós conhecemos. Hoje (26/10) no momento de compilar o material pesquisado, resolvi dar mais uma última olhada na Internet e fiquei desolada quando deparei com a

notícia de um terremoto que atingiu outros países ao Sul da Ásia, mas cujo epicentro foi exatamente o Afeganistão. Após

tantos anos de guerra e morte de soldados e civis, as tropas dos Estados Unidos ainda fazem parte do cenário desse país já tão desgastado e sofrido que nesse momento enfrentam bravamente mais uma tragédia. Para alguns o sofrimento parece não ter fim, e um se sobrepõe ao outro, porém apesar de tudo isso é um povo que possui uma gentileza e um senso de hospitalidade ímpar. É considerado como um dos mais bonitos do mundo - a harmonia dos movimentos, as cores dos tecidos concedem essa dignidade instintiva aos pastores e nômades. E por mais humildes e pobres que sejam, sempre mostram e demonstram aos visitantes uma generosidade e uma cortesia indescritível provando que o tempo e as dificuldades não alteraram seus valores.


O simples atos de cozinhar de uma Afegã

A cozinha Afegã é o resultado de uma mistura de diversas culturas e tradições por estar situada na Rota da Seda, re-cebendo por conseguinte uma forte influência da China e da Índia. A vida dura, os relevos acidentados, os invernos rudes e as condições meteorológicas tornam a vida nesse país muito difícil, fazendo com que o homem se encontre diante de uma natureza hostil, enfrentando os elementos que alteram constantemente o ambiente. Essa natureza forte e indomável e os cometas que abundam o céu do Afeganistão, faz com que o homem se volte para as divindades e se aproxime mais de Deus. O homem reza para os deuses para que chova na primavera, no verão, ele continua a implorar aos céus para que lhe conceda uma boa colheita e enfim, ele prolonga suas preces para que no inverno seu magro rebanho seja poupado lhe assegurando dessa maneira o leite e o queijo. Com efeito, no inverno as estradas se fecham, as vilas e vilarejos ficam isolados, excluídos do mundo durante longos meses. Nessas condições o homem não consegue matar a sua fome. O círculo familiar, o clã, a vila, o vale e a etnia adquirem toda a sua importância. Assim esse homem que vive nessas condições rudes, é levado a crer na força dos elementos. Baseados nessas intempéries, os alimentos são divididos em duas categorias, os consumidos no inverno, como o pão, queijo e frutas secas pois são alimentos mais calóricos e os consumidos no verão: repolhos, nabos, cebolas, berinjelas, não esquecendo, claro, do chá e do arroz que são consumidos durante todo o ano.


O olhar profundo e sereno de um Afegão

Os Afegãos acreditam que a comida

é um elemento muito importante na natureza, e que segundo os ingredientes eles podem produzir calor, frio ou neutralizar a temperatura do corpo humano. Eles têm um grande respeito pela comida e possuem alimentos essenciais que têm significados em determinadas situações, por exemplo, passar ou pisar sobre um pedaço de pão, é considerado um pecado.

A criatividade também é uma característica muito importante na cozinha, uma vez que os pratos podem ser melhorados dependendo do gosto e da imaginação de cada pessoa. Uma das coisas mais importantes com referência à cultura alimentar é que todos devem estar saciados e satisfeitos ao final de uma refeição.

Conhecer a cozinha Afegã é querer viajar através de sabores simples, convidativos e coloridos. Ela seduz pela simplicidade e utilização de produtos sazonais. A preparação das refeições e o momento de partilhá-las, fazem parte do quotidiano dos afegãos, momentos esses passados com alegria e que faz parte do patrimônio cultural e que é transmitido de geração a geração. Paixão, conhecimento, respeito pela tradição e pelos produtos locais, fazer dos ingredientes mais modestos, os mais harmoniosos pratos em combinação com as especiarias, são sem dúvida as palavras que melhor definem a cozinha afegã.

A alimentação dos afegãos é composta basicamente de três refeições principais: o café da manhã que é composto de chá, leite, geleia e pão, o almoço que é uma refeição frugal, porém no jantar as refeições são mais demoradas e encorpadas: arroz, pão, carne (os mais abastados) e para beber chá ou uma bebida a base de yogurte, pepino e menta e para sobremesa frutas frescas, e no final chá acompanhado de frutas secas. A cozinha varia de um lugar para outro, porém alguns produtos são utilizados em todo o país, como o coentro, alho, tomate, batatas e frutas frescas e secas (uvas, romãs, damascos e ameixas). Nas ervas encontramos a hortelã seca, o açafrão, o coentro (grão), o sal, a canela, a pimenta e o garam masala.

As famílias tem por hábito partilhar as refeições no chão em volta de uma toalha branca, e alguns dos pratos mais usuais são: o arroz que está sempre presente na cozinha e que daria um capítulo extenso tamanha a variedade de seu preparo. Existe desde o arroz branco – Chalaw, até o Kabuli Palaw - arroz feito com uvas passas, cenouras e cordeiro, prato popular em dias de festa para receber convidados.

O Bandjan Bourani – receita muito simples e saborosa a base de berinjela, pimentão vermelho guarnecido com iogurte e hortelã. Podemos dizer que ela lembra o ratatouille.


Bandjan Bourani - receita afegã com berinjela e pimentão

Mantou – massa recheada com carne e de longo preparo para ocasiões especiais.

Achak Afghan – massa recheada com alho poro, parecida com ravióli, também um prato de longo preparo. Pode ser cozido no vapor ou fritos, servidos com creme de leite fresco ou yogurte.

Boulani - tipos de crepe guarnecidos com alho poró, podendo a guarnição ser substituída por batatas ou cenouras, não chega a ser uma refeição, porém um prato bastante nutritivo.

Uma das comidas típicas é o Qrouti, muito simples e se resume em um pedaço de pão com um pedaço de Qrout – queijo seco feito de leite de vaca em forma de bola, mais cebola e menta seca. É simples, mas representa bem esse país, pois é um prato rude assim como o espírito camponês desse povo e que são ao mesmo tempo doce e sensível.

Bom pessoal, após essa rápida passagem pelo Afeganistão, eu pesquisei e como eu amo berinjela, resolvi fazer a receita da foto acima, que é muito fácil e extremamente saborosa. Agora que já temos um pouco de conhecimento e sabemos que os ingredientes que usaremos fazem parte do nosso dia a dia, só nos resta embarcar em mais essa aventura e nos deliciarmos com esse sabor, e creiam, é muito, muito gostoso!!!

BANDJAN BOURANI

Berinjela com coalhada seca


Receita afegã

Ingredientes:

1 cebola picada

1 berinjela com casca

2 tomates médios picados sem sementes

1 pimentão cortado em lâminas finas no sentido longitudinal

4 colheres de sopa de azeite

250 gramas de coalhada seca

sal a gôsto

coentro fresco

Modo de fazer:

Lave e corte as berinjelas em cubos e tempere com 2 colheres de azeite e um pouco de sal. Leve ao forno 180º em assadeira untada por 40 min. Enquanto isso aqueça o azeite restante e frite a cebola até ela ficar bem dourada, acrescente o pimentão em lâminas e salteie por alguns minutos, junte os tomates e mexa de vez em quando até secar a água. Por último adicione as berinjelas e mexa de vez em quanto até que o líquido se evapore. Desligue e acrescente o coentro. Na hora de servir regue com azeite, coloque o iogurte no centro e guarneça com coentro.


Receita afegã

Obs.: Antes de servir, tempere a coalhada seca com sal, azeite folhas de hortelã frescas ou secas. Sirva com pão folha enrolados em canudos, torradinhas ou como a imaginação de vocês permitir. Hoje a gente já encontra esse pão em embalagens com 10 círculos muito práticos e deliciosos.

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