Cozinha do Fim do Mundo
Uma viagem cultural e gastronômica pelos cantos da Terra
Olá!!
O nosso ingrediente chefe de hoje é a Quinoa. Eu deixei de propósito escrito tanto com "u" como com "o", pois as duas maneiras são corretas, escrita com "u" vem da língua Quíchua ou Quechua (língua indígena falada na América do Sul até os dias de hoje).
Apesar de se tratar de pequenos grãos não é um cereal, mas é tão saudável quanto, ou até mais, pois é considerado um "super alimento".
Cereal ou não, é versátil, saboroso e um alimento quase que completo. Vamos ler?
Quinua - Chenopodium quinoa
A quinua é um pequeno grão cheio de propriedades, e trata-se de um pseudo cereal, uma vez que possui todos os nutrientes de um cereal, porém, ela na verdade pertence à mesma família do espinafre e da beterraba.
Cultivada na América do Sul pela população Andina é atualmente também cultivada nos Estados Unidos e Canadá, entre outros. A Organização das Nações Unidas (ONU) colocou a quinua em lugar de honra em 2013, declarando como o ANO INTERNACIONAL DA QUINUA, a qual foi, inclusive, objeto de um Congresso Mundial no Equador.
Um pouco de história: O povo Inca a chamava de "chisiya mama" que significa na língua Quíchua "mãe de todos os grãos". Para eles, a quinua era uma planta sagrada e o imperador Inca, era quem todos os anos semeava os primeiros grãos, usando um utensílio de ouro. Pesquisas indicam que ela começou a ser cultivada há mais de 5.000 anos A.C. no Peru. É ao redor do Lago Titicaca que se encontra a maior diversidade dessa planta. Por se tratar de uma planta rústica, é capaz de resistir em condições extremamente rudes em altitudes que variam de 0 a 4.000 metros.
Suas cores variam do verde, laranja e do rosa ao vermelho, irregulares ou não, reflexos dessas diversidades.
A maioria da produção, entretanto, possui após a lavagem, grãos branco-creme. A lavagem é uma etapa fundamental para se livrar da saponina que as protege a qual ao mesmo tempo lhe confere característica amarga.
Na cozinha: Os grãos podem ser usados em salada, ou preparados da mesma maneira que o arroz, podendo também substituir a farinha de trigo por 1/5 do peso total a ser usado, a fim de não perder a elasticidade, nesse caso utilizaremos a farinha de quinua. Pode substituir com sucesso o trigo nos tabules, em sopas, em legumes recheados, como acompanhamento em pratos de carne e peixes, gratinados, hambúrguer, crumble, ou o que mais a imaginação de vocês permitir.
Sabor: A cor da quinua revela seu sabor: as de cor pálida, creme, possuem um sabor doce e menos acentuado de noz do que a vermelha e a negra.
Propriedades Medicinais: Os grãos são ricos em proteína, ou seja, 12 a 20% de seu peso seco em função das variedades, e 3 a 5 gramas para 100 gramas uma vez cozida, isso quer dizer que é mais rico que o arroz e as massas. Essa proteína é de excelente qualidade e é recomendada aos vegetarianos ou às pessoas que desejam limitar o consumo de carne sem desequilibrar a alimentação. O grão da quinua é rico em vitamina B, antioxidantes, minerais e oligoelementos (ferro, cobre, potássio, fósforo e magnésio).
A quinua é boa para controlar o índice glicêmico das refeições, aumenta a sensação de saciedade e estimula o trânsito intestinal. Por não conter glúten é recomendada aos celíacos, os quais poderão ter uma diversidade maior na alimentação sem riscos de carências. Podemos encontrar a quinua em grãos, flocos ou farinha, e embora a utilizemos mais em substituição ao arroz, na cozinha andina a quinua é utilizada, sobretudo para enriquecer sopas e bolos.
Conservação: em recipientes fechados ao abrigo da luz.
Deixo com vocês um vídeo que narra a Lenda da Quinua do povo Aymara, espero que vocês se emocionem assim como eu.
Post Publicado 05/05/2016
LENTILHA
A lentilha é uma leguminosa originária do Oriente Médio e um dos mais antigos alimentos cultivados pelo homem. Há diversos tipos dessa leguminosa que podem variar de tamanho, forma e cor. Nas fotos desse Post temos a amarela, vermelha ou coral, a castanha e a beluga ou negra, lembrando que a lentilha vermelha é considerada dentre as leguminosas como a de mais fácil digestão. Embora cultivada em inúmeros países, a Índia, Turquia e Canadá são hoje os três primeiros produtores mundiais.
Um pouco de história: Foram encontrados traços da sua utilização na pré-história na China, Índia e Ásia Menor. Os arqueólogos supunham que era o principal alimento dos construtores das pirâmi-
des do Egito, as quais também eram depositadas nas tumbas para saciar a fome dos mortos durante o curso de sua viagem.
Existe uma passagem no Antigo Testamento que narra que Isaú, neto de Abraão voltando de uma caça com fome, vendeu o seu direito de primogenitura a seu irmão Jacó em troca de um prato de lentilha (vermelha). Essa passagem simboliza a superioridade do agricultor sobre o caçador. Documentos comprovam ainda, que os Assírios, também a conheciam e que eram cultivadas nos famosos Jardins Suspensos. Os escritos de Plínio, faz referência a existência de uma receita a base de lentilha amassada datada do século IV A.C. Em Roma era considerada comida de pobre e fazia parte dos encontros entre camponeses. Foi somente no final da Idade Média que começou a ser mais consumida aparecendo na Europa através dos Fenícios, Cartagineses e Romanos.
Na cozinha: A lentilha deve ser sempre lavada em água corrente e quando deixadas de molho, a água deve ser desprezada. No caso da vermelha e da amarela cujo cozimento é rápido e fácil não precisam ser deixadas de molho.
Dica: Quando cozinhar a lentilha tradicional na panela de pressão, a fim de evitar a formação de espuma e posterior entupimento da válvula na panela de pressão, adicione à água do cozimento um pouco de óleo.
A lentilha pode ser usada em sopas, purês, saladas, hambúrguer vegetariano, etc. É consumida em muitos países do oriente: Dhal – Índia, Moujadara – Líbano, Harira – Marrocos, Majadra – Israel, e por aí vai.
Combina muito bem com uma grande variedade de temperos: cúrcuma; coentro e cominho em grão; gengibre; coentro fresco; leite de coco; molho de tomate; enfim, experimentem e façam suas próprias alquimias.
Não posso esquecer de mencionar que na Índia ainda temos, não infelizmente aqui, a farinha de lentilha, muito utilizada em molhos, pães, doces e nos famosos e crocantes pappadums.
Sabor: doce e refrescante lembrando a castanha
Propriedades Medicinais: Rica em fibras, previne doenças cardíacas e por possuir quantidades importantes de ácido fólico e magnésio, ajudam a proteger o coração;
auxilia no processo de emagrecimento devido à presença de proteína vegetal;
diminui o risco de câncer colorectal por conta de suas fibras insolúveis;
auxilia no desenvolvimento e manutenção dos ossos pela presença de ferro e fósforo;
protege as células contra o envelhecimento uma vez que contêm antioxidantes;
suas fibras auxiliam na normalização da taxa de açúcar no sangue;
para os vegetarianos é uma excelente força de ferro
Resumo: adquirir o hábito de consumir lentilha é garantia de uma alimentação saudável e equilibrada.
Conservação: Em potes hermeticamente fechados ao abrigo da luz e da umidade.
Curiosidade: Por que comer lentilhas na passagem do ano?
Segundo o que pesquisei, embora claro, sempre haja controvérsias, essa lenda é originária da Itália. Conta-se que essa tradição vem do hábito de se oferecer na passagem do ano, um pequeno saco de grãos, desejando a cada um que esses pequenos grãos se transformassem em dinheiro, trazendo dessa maneira a prosperidade. Verdade ou não, é que incorporamos essa tradição em nossas ceias de final de ano, mesmo que às vezes não dê certo.
Post Publicado em 19/04/2016
ABOBRINHA: saiba o que mais ela pode fazer pela nossa saúde
Olá pessoal!!!
Mais um ingrediente para lá de saudável e que acredito, após lerem, terão razões suficientes para introduzi-lo em seus hábitos alimentares.
Nome científico : cucurbita pepo
A abobrinha é, assim como o tomate, considerada uma fruta legume que pertence a família das cucurbitáceas.
Um pouco de história: No período Paleolítico, as abóboras selvagens, ancestrais da abobrinha, eram consumidas pelos nômades da América Central, entre o México e a Guatemala. Ela foi cultivada pelos povos do Sul do México e serviam de recipientes, e também por suas sementes nutritivas (uma vez que nessa época elas quase não tinham carne).
Foi no século XVI que os conquistadores espanhóis descobriram o askutasquash dos índios do Novo Mundo. Rapidamente eles apreciaram o sabor e levaram os grãos para a Europa nos Jardins Botânicos, a fim de estudá-los antes de começar a cultivá-los. Após 400 anos de sua descoberta, numerosas variedades foram desenvolvidas, e cada país selecionou um cultivo adaptando ao seu clima e à sua cozinha.
No Brasil encontramos duas variedades: a menina (Cucurbita moschata) e a italiana, que é a qual estamos nos referindo.
Na cozinha: Pode ser cozida na água, porém de preferência no vapor a fim de preservar todos os minerais. É aconselhável também comê-las cruas, para que se aproveite ao máximo suas vitaminas e oligoelementos.
Podemos também fazê-las grelhadas ou assadas com azeite e ervas, ou cruas (raladas) em saladas, ou ainda como espaguete (basta usar um ralador, existem vários disponíveis no mercado). Podemos usar ainda em recheios, omeletes, gratinados com queijo, em bolos, pães, couscous marroquino, etc..
Sabor: Leve e delicado
Propriedades Medicinais: Um de seus componentes é a rutina ou vitamina P, que auxilia no tratamento da tensão intra ocular. A rutina também auxilia na diminuição do mau colesterol (LDL).
A abobrinha possui uma excelente fonte de fibras eficaz no trânsito intestinal e é recomendadas para pessoas que tem gastrite e úlcera. É rica em vitaminas e minerais como o Potássio, já citado acima, que é uma vitamina também eficiente para a saúde cardiovascular. Destacamos ainda a vitamina C que impede doenças como escorbuto e esclerose.
Auxilia na perda de peso em virtude de sua combinação com alto teor de fibra e umidade e um baixo valor calórico, ou seja, em cada 100 gramas temos somente 15 Kcal.
Previne o câncer: devido a presença de alguns antioxidantes, compostos fenólicos, flavonóides e carotenóides, ajudam a combater os efeitos nocivos dos radicais livres auxiliando dessa forma na prevenção de alguns tipos de cânceres. É eficaz particularmente no Diabetes tipo 2. A vitamina do complexo B e a presença de zinco e magnésio ajuda a reduzir o açúcar do corpo, pois, a fibra e a pectina são essenciais para regular a taxa de açúcar no sangue.
Resumo de seus benefícios: baixa o colesterol, auxilia na perda de peso, previne o câncer, beneficia os diabéticos, mantém a saúde dos olhos, diminui a pressão arterial, beneficia a saúde da próstata, infamação das articulações, e o sistema cardiovascular, hidrata a pele, contribui para a formação de colágeno e auxilia no crescimento do cabelo.
Conservação: Na gaveta de legumes da geladeira por 4 dias. Na hora da compra escolha as que estiverem bem firmes e com cores brilhantes.
Post Publicado em 12/03/2016
Olá!!
Como postei uma receitinha com o pepino agora há pouco, então nada melhor do que saber um pouco mais a respeito dele, não é? Vocês ficarão sabendo sobre suas propriedades, habitos e crenças atribuídas a ele, eu diria até que, alguns bem bizarros, porém não menos interessantes. Para isso vamos embarcar nessa aventura num passado bem remoto.
PEPINO - cucumis sativus
O pepino é reconhecido como um dos melhores alimentos para a saúde e o quarto legume mais cultivado no mundo, entretanto é mais apreciado por sua textura crocante e seu sabor refrescante do que propriamente por suas propriedades.
O pepino é um alimento de baixa caloria, baixo carboidrato, apresentando ainda uma boa fonte de fibras e vitaminas A, B, C e E. Ele é formado basicamente de 97% de água, o que equivale a dizer que 100 gramas não possui mais que 13 calorias. Quanto aos minerais, é rico em Potássio, Ferro, Cálcio, Fósforo e Magnésio.
Existem diversos tipos de pepino tais como: pepino amargo ou Goya, pepino chinês, pepino da Armênia, que pode atingir mais de 1 metro de comprimento, mini-pepino, pepino das Antilhas ou maxixe, etc.
Um pouco de história: O pepino foi, por muito tempo, menos conhecido que seus primos: melão, abóbora e abobrinha e, embora mencionado nas lendas budistas com o nome de ikschwaku, tem sua origem em terras longínquas.
O pepino crescia em estado selvagem há mais de 3.000 anos A.C. aos pés do Himalaia na Índia, porém com o tempo desapareceu, e a planta que hoje conhecemos é produto de hibridações.
O pepino, também cultivado às margens do Nilo e amplamente consumido pelos Egípcios, figurava entre as oferendas destinadas aos deuses, pois eles já tinham conhecimento de suas propriedades hidratantes e terapêuticas utilizando-o em compressas sobre a pitiríase, comichões e olhos doloridos.
Adotado pelos Hebreus, ele dava, segundo diziam, a juventude a Salomão, a força a Sansão e o lirismo a David.
O pepino também foi citado em uma das passagens da Bíblia durante o Êxodo através do Sinai. Nessa passagem os hebreus se queixavam a Moisés: “ Quem nos dará carne para comer? Lembramo-nos dos peixes que comíamos no Egito, dos pepinos, dos melões, dos alhos porós e das cebolas, mas agora a nossa alma secou: não há nada mais senão maná diante dos nossos olhos”.
O imperador Tibério descobriu-o em Jerusalém, levou-o para Roma onde o grande cozinheiro Apicius o preparava com mel com a finalidade de amenizar seu amargor. Esse pepino amargo e espinhoso foi destronado por esse que consumimos hoje: longo, retilíneo e liso, portanto, não necessitamos mais mergulhá-lo em açúcar, mel, ou mesmo leite como se fazia antigamente, tudo isso, graças aos Holandeses.
Algumas tradições sobre o pepino narrada por Scott Cunningham na Enciclopédia das Ervas Mágicas conta que, quando chovia em Saint-Maurille, os pepinos adquiriam o poder de responder a uma mulher quando interrogados, para saber se seu marido era fiel ou não. Para isso, a dona de casa deveria pegar o maior e mais bonito pepino de sua horta e, sob a chuva, ela deveria esfregá-lo com a mesma bucha com que lavava suas panelas. Se a pele, a casca resistisse e continuasse lisa, bem luzidia e verde escuro, significava que seu marido estava satisfeito com ela em casa e não estava atrás de outras aventuras amorosas. Mas, se após algumas esfregações, a casca se tornasse verde claro, atenção: o marido com certeza teria outra mulher em alguma aldeia nos arredores.
Conta-se ainda, que o pepino por sua forma fálica e suas numerosas sementes era considerado como um símbolo de abundância e fertilidade. Ainda, segundo Scott Cunningham, houve uma época no passado em que cada região, ou mesmo cidade, tinha uma receita infalível para a fertilidade chamada: “creme de cachalote”, que era feito de pepino e espermacete (não se trata de esperma e sim de uma substância parecida que é encontrada na cabeça dos cachalotes). "As mulheres incapazes de conceber, deveriam friccionar a pomada no abdômen, cintura e coxas.“
No século XVI atribuía-se a ele o poder de baixar a febre: “Se uma criança tinha febre, ela deveria dormir com um pepino cujo tamanho fosse semelhante a ela, a fim de que, durante o descanso, o calor da febre passasse para o pepino".
Na Itália, "colocava-se o pequeno doente dentro de um círculo feito de pepino, para que eles atraíssem todo o calor da febre.”
Existe também uma tradição comprovada em Lozère entre 1914 e 1918, período da primeira Guerra Mundial, que dizia que, se uma mulher encontrasse uma pessoa que estivesse indo ao mercado vender seus legumes e se no meio deles tivessem pepinos, ela deveria dar a essa pessoa qualquer objeto pessoal que estivesse usando, pois sem esse gesto o vendedor poderia ter o azar de não conseguir um único comprador para os seus pepinos.
Na cozinha: o pepino vai bem com vinagrete, creme, iogurte e em todos os tipos de saladas e sanduíches. Cozidos, podem ser usados em sopas, cremes de legumes, recheados e ainda gratinados e se adicionados ao iogurte, pode-se nesse caso ainda acrescentar hortelã, noz moscada, ervas finas e ciboulette.
Propriedades: Com o poder de garantir uma pele saudável, é amplamente utilizado na cosmetologia, entrando na composição de inúmeros cremes que tratam de acne e outros males cutâneos: como eczema e psoríase.
Como as fibras do pepino estão presentes em sua casca, é aconselhado optarmos sempre pelos orgânicos, pois consumidas em forma de xarope limpam e purificam o organismo. Para isso, é necessário ralar e misturar com um pouco de água e suco de meio limão.
Outro componente presente é a sílica, um mineral que tem a capacidade de auxiliar os tecidos do corpo, fortalecendo músculos, ligamentos, tendões, cartilagens e ossos.
Reduz a pressão arterial pois contém três importantes componentes: magnésio, fibras e potássio. Na digestão combate a acidez do estômago pesado, por isso não devemos hesitar em consumí-lo, pois nos suprirá de fibras, água, potássio, magnésio.
Por causa do seu alto teor de água é considerado um excelente diurético.
Mais uma lista de seus benefícios:
auxilia na redução da gordura, ácido úrico, manutenção da vitalidade, elimina as toxinas e aumenta a defesa do organismo pela presença de vitamina do grupo B, principalmente B3, B5 e B9, além de retardar o envelhecimento da pele.
Entretanto devemos ficar atentos para algumas contra-indicações:
não é recomendado para algumas pessoas, as vezes alérgicas a um componente chamado cucurbitacina, o qual poderá provocar má digestão e gazes. Outras podem apresentar sintomas de alergias a outros componentes presentes, que podem se manifestar com um inchaço na língua, na garganta ou na boca. Caso apresentem alguns desses sintomas é recomendável reduzir o seu consumo.
Conservação: Cinco dias na gaveta de legumes da geladeira. Se guardá-lo em pedaços, proteja a parte cortada com filme plástico.
Receita relâmpago: