Cozinha do Fim do Mundo
Uma viagem cultural e gastronômica pelos cantos da Terra
Boa noite pessoal!!
Que tal falarmos agora sobre os tipos de sal? Temos uma infinidade de sal, alguns bem comuns, outros nem tanto, uns benéficos e outros, acho que nem preciso mencionar. Bem sabemos o muito que tem se falado a esse respeito, o importante é sabermos e termos consciência de como usá-lo para que dessa maneira sempre estejamos com a saúde em dia, não é? Temos coisas bem curiosas e interessantes a respeito do sal, vamos lá?
Sal
Crenças e costumes sobre o sal:
Desde o início da civilização, o sal é visto como uma subs-
tância misteriosa e sobrenatural. Ao longo do tempo, veri-
ficou-se que o sal era benéfico para as doenças da pele. Na
Idade Média por exemplo, era utilizado para tratar queima-
duras, picadas, várias outras lesões e também para fazer
cataplasmas.
Na antiguidade quando alguém acolhia um viajante, era-lhe oferecido um pedaço de pão e uma pitada de sal como sinal de boas vindas. Repartir o sal e o pão com as pessoas era um sinal de amizade e de confiança. Conta-se também que nos campos que, quando o galo cantava, era sinal da passagem dos diabos pela terra e para fazê-los partir era preciso jogar um punhado de sal dentro das chaminés. Era costume ainda jogar sal para afastar as doenças, tempestades e abençoar os rebanhos.
O sal possui também propriedades que conservam os alimentos, sendo essa uma das principais razões de ser extremamente útil nos países nórdicos: para a conservação de peixes. No Egito era atribuídas a ele propriedades malignas. No tempo dos faraós, os assaltantes espalhavam sal em torno dos lugares sitiados para atrair a sorte, nas cidades derrotadas, jogava-se sal para assinalar seu desaparecimento.
Essas lendas e histórias que remontam a antiguidade são bem curiosas, porém nosso foco é: tipos de sais, então, após esse pequeno preâmbulo, vamos iniciar?
Boa noite pessoal,
Continuando com as informações sobre os tipos de sais, vamos saber alguma coisa sobre o sal negro, ou KALA NAMAK, que acreditem, é o mesmo SAL ROSA DO HIMALAYA. Para isso vamos saber o porquê da cor rosa ao negro violáceo.
Hoje em dia, a necessidade de sabermos a procedência do que estamos consumindo, do quão benéfico ao nosso organismo são os produtos que encontramos cada vez em maior quantidade, diversidade e marcas, tem-se tornado uma necessidade prioritária, pois a cada dia consumimos mais e mais itens adulterados, com inúmeros produtos químicos, que nada mais fazem a não ser deteriorar cada vez mais a nossa saúde.
Por isso é de extrema importância que nos mantenhamos informados sobre todo e qualquer item que consumimos e que não nos deixemos levar pelos modismos que nos colocam numa engrenagem da grande indústria de consumo que só fazem enriquecer pessoas inescrupulosas e que invariavelmente quase nunca nos levam ao melhor caminho. A nossa saúde agradece cada informação que agregamos no nosso dia a dia. Chegaaaa!!! Vamos a esse sal tão peculliar !!!!
KALA NAMAK
O sal negro, também conhecido como Kala Namak e ainda Sanchal, provém das minas vulcânicas ao norte da Índia, do Paquistão e ainda dos lagos salgados de Sambhar ou Didwana no Rajastão (Índia).
O sal negro ou Kala Namak (Kala = negro e Namak = sal) é uma variação do sal rosa do Himalaya. Para que cheguemos ao sal negro, ele é aquecido a uma temperatura de 900° centígrados e cozido por 36 a 48 horas aproximadamente, mexendo sem cessar. Quando ele atinge seu ponto de fusão a mais de 803° centígrados, ele começa a ferver e nesse momento agrega-se menos de 1% de salsola stockisii (tipo de arbusto que contém carbonato de cálcio). Com essa adição o carbono contido produz carbonato de sódio, o qual faz aumentar ligeiramente o valor do PH do Kala Namak. Durante o processo do cozimento são retiradas amostras do sal, o qual se tornou líquido, para ser resfriado e em seguida temperado por especialistas até se obter um
um resultado satisfatório. Paralelamente é feita uma análise laboratorial para confirmar a pureza desejada. Se o gosto e a análise são satisfatórios, o Kala Namak é fundido e resfriado ainda durante 24 horas até que o sal volte novamente à forma sólida. Os blocos de sal são pretos tornado-se rosa e violeta quando reduzidos a pó.
cicatriza a pele (em particular acnes), alivia as irritações das mucosas, e relaxa os músculos das articulações. Como o seu primo, o Sal Rosa do Himalaya, ele não é iodado e, portanto é menos rico em sódio do que o sal marinho.
Na cozinha é utilizado em chutneys, saladas de frutas, raitas e em qualquer tipo de fruta, e vai ainda maravilhosamente bem em sucos de frutas e aperitivos. Como digestivo ele pode ser mastigável ou ainda diluído em água. No banho ajuda o organismo a eliminar as toxinas, auxiliando ainda a relaxar e acalmar os músculos.
Pode ser conservado por 5 anos aproximadamente após aberto em recipiente fechado e ao abrigo da luz.
O Kala Namak é muito utilizado nas cozinhas da Ásia (Bangladesh, Índia e Paquistão) como condimento. O cloreto de sódio nele contido lhe confere um gosto salgado, o sulfato de ferro lhe confere a cor rosa acinzentado e sulfato de hidrogênio lhe dá um odor bem particular de gemas de ovos cozidas, um atributo, aliás, que recentemente atraiu a comunidade Vegana na elaboração de pratos sem ovos.
Na medicina Ayurvédica ele é digestivo e extremamente eficaz. Possui propriedades laxa-tivas e tem também o poder de melhorar a vista,
PROSAS DE VIAGENS
Vou contar para vocês uma experiência que tivemos em uma de nossas primeiras viagens à Índia, isso já deve fazer mais ou menos uns 20 anos. Estávamos em Jodhpur e já naquela época gostávamos de nos misturar ao povo local para saber um pouco mais sobre os hábitos e cultura do povo. Atentos a tudo à nossa volta, sentindo os aromas, vendo as cores que saltavam aos nossos olhos numa mistura que mais parecia um caleidoscópio, tamanha a variação dos tons de uma mesma cor. Cores que jamais poderíamos imaginar misturadas às outras cores numa harmonia invejável. Cada sári, com seus bordados intrincados se arrastando na poeira da cidade.... Desculpe... divagando. De volta ao mercado..... começamos descer a ladeira, quando nós três (nosso grupo se resume a três) deparamos com algumas rochas bem grandes dos dois lados da feira. Elas eram realmente grandes, em tons de preto, cinza e violáceos.
- Que rochas eram aquelas? perguntei para mim mesma. Pareciam quartzos rutilados, mas o que um quartzo estaria fazendo num mercado local onde se comercializava, frutas, legumes, especiarias, leguminosas, etc.....
Então perguntei para o meu irmão e ele me disse: sal, sal negro.
- Como assim? Indaguei.
- Não pode ser. Eu teimei.
Ele falou: - Então vai lá e experimenta. E desceu a ladeira com o Roberto.
Claro que fui né? Aproximei-me, fui xeretar e perguntei, mas claro, o Inglês naquele fim de mundo e naquele pequeno mercado local, era quase como se eu fosse uma alienígena. Porém, os indianos, mesmo que eles não entendam o que a gente fala, eles sabem exatamente o que a gente quer, então ele tirou uma lasca de uma das rochas e me deu, e fez um gesto para que eu levasse à boca. E foi o que fiz!!!
Minha nossa, quase tive um ataque, virei às costas e desci a ladeira numa disparada, cuspindo e quase “arrancando a língua” com aquele gosto de ovo choco que não saia de maneira alguma. Nisso, claro, os meninos já estavam vendo meu apuro e se matando de rir.
Meu irmão falou: tá vendo, é sal ou não é?
Claro que após cair matando em cima deles, concordei que realmente era sal, e que sal. Meu Deus!!! eu pensava: quem usa essa coisa fedorenta????
Moral da história, após esse dia, experimentei o sal negro em uma bebida extremamente refrescante que eles tomam para se hidratar e suportar o calor de quase 50º, e acreditem, hoje eu amo o sal negro, tenho em casa, faço essa bebida, coloco em salgadinhos, amêndoas torradas, e é uma delícia. Portanto aqui está um exemplo de que tem coisas que devemos experimentar mais de uma vez. Tentem, experimentem, garanto que é sensacional.
SAL ROSA DO HIMALAYA
O sal rosa do Himalaya remonta a 200 milhões de anos. O Himalaya nasceu de uma colisão de placas indo-australianas e eurasianas que fez desaparecer o oceano que as separava. A lenta evaporação das águas do oceano deixaram para trás esses cristais de sal rosa ricos em minerais e oligo-elementos (sódio, potássio, magnésio, cácio, ferro, cobre, etc... O sal do Himalaya é extraído de minas cujas profundidades variam de 100 a 800 metros.Trata-se de um fóssil de rara pureza. Durante muito tempo
ele era trazido dos contrafortes do Himalaya pelas tribos locais com a ajuda dos yacks. Essa história voces poderão ver no filme " Himalaya: L´enfance d´un chef".
Os textos ayurvédicos já relatavam suas propriedades reconhecendo-o como "o melhor dos sais". Sua excelente qualidade deve-se ao fato de se manter preservado no seio da terra, livre de todos os poluentes. Sua cor rosa é proveniente da oxidação tornando-o do rosa ao vermelho passando pelo laranja. Encontramos o sal do Himalaya em diferentes formas de uso: sais de banho, luminária, alimentação, etc...
As lâmpadas de sal, além de criar uma atmosfera relaxante e benéfica, contribuem com a qualidade do ar inalado, uma vez que os cristais de sal emitem ions negativos naturalmente, sendo esse ions mais acentuados devido ao aquecimento na luminária.
Na cozinha o Sal do Himalaya é considerado como o melhor do mundo. Esse sal é completamente livre de iodo, não refinado, sem aditivos, pois está em sua pureza original. Ele conserva todos os seus minerais provenientes do mar original.
Na culinária, seu sabor delicado ressaltará o sabor dos alimentos tanto crús como cozidos. Pode ser utilizado puro ou juntamente com ervas podendo acompanhar
perfeitamente bem carnes, peixes e legumes.
Vou dar a voces uma preparação de sal rosa, que segundo minhas pesquisa lhes trará benefício, mas lembrem-se, eu simplesmente pesquiso, não testo, logo, peço sempre que consultem seu médico antes de seguirem qualquer dessas minhas "sugestões" OK?
Água salgada com sal cristalino do Himalaya
Encher um garrafa com 1/4 de sal cristalino do Himalaya. Completar o restante da garrafa com água filtrada ou mineral. Agitar e deixar repousar por uma noite.
Na manhã seguinte tomar um copo de água com uma colher de café dessa mistura juntamente com o suco de um limão espremido (temperatura ambiente).
Todos os dias deverá ter sal não dissolvido dentro da garrafa, caso esteja dissolvido acrescente mais sal.
Essa mistura vai durar indefinidamente uma vez que o sal é anti-bacteri. Pode-se adicionar mais água e mais sal, conforme vai sendo consumido.
A energia vibratória do sal cristalino do Himalaya ficará dentro do organismo durante 24 horas.
Fazer o tratamento por 21dias, seguido de uma pausa de 7 dias.
Obs.: Não utilizar recipiente e nem colher de metal. Durante o tratamento é conveniente ingerir no mínimo 2 litros de água por dia.
SAL AZUL DA PÉRSIA
O sal Azul da Pérsia também conhecido como Sal do Irã ou ainda Sal Azul do Paquistão é um sal gema assim como o KALA NAMAK (Post 18/10/2015). Ele é extraído das mais antigas minas de sal do mundo, e uma delas está localizada nas montanhas rochosas da província de Semman no Iran, antigo Império Persa e até hoje ele é recolhido à mão seguindo os mesmos métodos há séculos.
Ele tem esse nome por ser cravejado de cristais de um azul profundo que lembram pequenas safiras. Sua cor provém da Sylvinite, mineral encontrado no potássio, no interior da mina. Esse mineral se fixa nos cristais de sal pela pressão da rocha montanhosa, o que resulta em uma mudança em sua estrutura. Normalmente o sal torna-se rosa ou amarelo, porém em casos raros, torna-se azul o que faz dele um dos sais mais raros, puros e preciosos do mundo.
História: Os cristais de sal formaram-se a mais de 240 milhões de anos quando as placas tectônicas começaram seu trabalho, e vastas extensões de água salgada ficaram presas nos novos continentes. Com o calor do sol essas águas secaram, formando dessa maneira imensos depósitos subterrâneos de sal. Por essa razão o Sal Azul entra na categoria de fóssil e produto da pré-história.
Culinária: pode-se utilizar nos legumes ao vapor e na finalização de pra-
tos como aves, peixes e crustáceos.
Medicina: é rico em Potássio e ferro auxiliando no tratamento de asma
e outros problemas pulmonares. Em virtude dessas propriedades foi cons-
truído um sanatório de luxo na mina de Duzdagi (Vale de Araxes ou Arax
no Azerbaijão), oficialmente a mais antiga mina conhecida da humanidade.
Sabor: esse sal extremamente puro tem um aspecto ligeiramente efervescente na boca, aparentemente bastante salgado no primeiro momento tornando- se em seguida picante, porém com sabor extremamente agradável.
Conservação: em local fresco ao abrigo da claridade.